O Parlamento de Portugal aprovou, por unanimidade, uma lei que oferece cidadania aos descendentes dos judeus perseguidos e expulsos no século XV. A legislação trata de reparar – com mais de cinco séculos de atraso – o decreto emitido em 1497 pelo rei de Portugal Manuel I, que ordenou aos judeus abandonar o país a menos que se convertessem ao cristianismo.
Se calcula que naquela época os judeus constituíam sete por cento da população da Península Ibérica; mas contribuíam com 20 porcento dos impostos.
O deputado José Ribeiro e Castro (na foto), promotor da iniciativa e membro da coalizão governante, disse que “queremos dar as boas vindas a todos aqueles que nunca deveriam ter ido”.
Em 1506, dois mil judeus convertidos ao cristianismo foram massacrados em Lisboa; ao mesmo tempo que a Inquisição portuguesa punha em marcha uma sistemática e brutal perseguição, similar a que acontecia na Espanha.
Não tardou muito tempo para que o império português se convertesse em uma das nações mais pobres de Europa.
Em 1989, o então presidente Mario Soares pediu perdão aos judeus pelas perseguições que sofreram seus ancestrais em Portugal.
Os judeus portugueses fugiram nos séculos XV e XVI para os Países Baixos, norte da África, o Império Otomano e para o Brasil.
A medida tem também, para alguns ironicamente, um lado econômico. Debaixo de uma grave crise econômica, Portugal espera fomentar o turismo, a residencia e o investimento dos descendentes daqueles que foram expulsos e perseguidos com extrema ferocidade.
Em 19 de julho, Portugal inaugurará um centro de aprendizagem em Trancoso, uma cidade que alguma vez albergou a numerosos judeus. Um projeto que é avaliado em um milhão e meio de dólares.
O primeiro ministro tem em sua agenda participar da inauguração do centro destinado ao tema dos “anusim”, os descendentes dos judeus que foram forçados a converterem-se ao catolicismo durante a inquisição.
Fonte: Aurora